Vacinação Canina
Uma pesquisa recente publicada na revista médica Vaccine trouxe à luz um fenômeno intrigante: mais da metade dos proprietários de cães nos Estados Unidos estão se tornando cada vez mais céticos quanto à necessidade e segurança das vacinas destinadas aos seus pets.
O estudo, divulgado no dia 26 de agosto, envolveu uma amostra de 2.200 indivíduos e focou em suas percepções sobre as vacinas caninas regulares, com destaque para a vacina contra raiva.
De forma surpreendente, 53% dos respondentes demonstraram o que os pesquisadores denominaram de “Hesitação à Vacinação Canina” (CVH, na sigla em inglês). Essa hesitação é caracterizada por uma visão cética dos tutores quanto à segurança e eficácia da vacinação rotineira em seus cães. Esses tutores questionam se as vacinas são seguras, eficazes ou mesmo necessárias.
Além disso, 37% dos participantes expressaram preocupação com a possibilidade de as vacinas caninas causarem autismo em cães, uma hipótese que não é respaldada por evidências científicas.
Em uma entrevista ao USA Today, os pesquisadores Matt e Gabrielle Motta e Dominik Stecula compartilharam sua surpresa com os resultados. Matt Motta, cientista político e pesquisador na Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, destacou a significativa parcela de pessoas com tais opiniões, considerando o fato alarmante.
Motta sugeriu que a percepção sobre vacinas, em geral, pode ter sido impactada pela vacina contra COVID-19, alterando a forma como os norte-americanos percebem a vacinação.
Gabriella Motta, veterinária, acredita que essa hesitação pode originar-se do amor dos tutores pelos seus animais e da falta de familiaridade com as doenças prevenidas pelas vacinas.
Os pesquisadores classificaram a CVH como ‘problemática’. Segundo eles, essa hesitação é preocupante não apenas por poder levar à recusa de vacinação canina, facilitando a disseminação de doenças infecciosas entre populações caninas e humanas, mas também por potencialmente aumentar os riscos à saúde dos profissionais veterinários.
O estudo ressalta que manter uma taxa de vacinação de ao menos 70% na população canina pode quase erradicar casos de raiva em humanos, especialmente em áreas de maior risco. Contudo, os pesquisadores alertam que, com a prevalência da CVH, as taxas de vacinação podem cair abaixo desse limiar.
“Acreditamos ser preocupante que a CVH esteja associada à recusa da vacinação canina contra raiva e à resistência a políticas de vacinação baseadas em evidências científicas”, enfatizam os pesquisadores.
A Organização Mundial da Saúde destaca que os cães são responsáveis por 99% das mortes humanas por raiva globalmente, o que sublinha a importância da vacinação canina na prevenção desta doença viral fatal.